O que dizer, não sou eu que escrevo,
se sou eu que penso, não posso afirmar
que não sou eu que faço o que faço,
se é a mente quem move meu braço.
Todavia a poesia que de mim se exala,
o silêncio que dentro de meu abismo cala,
não pode ser obra do acaso terno,
tudo que respira tem um propósito eterno.
A solidão do esquizofrênico,
a confusão mental do epiléptico,
a doçura falsa da amante paga,
o desespero da mulher viúva,
a contrição do crente frente à uva,
a perversão de Herodes e a criança…
A Ilusão sagrada de Homero,
até o fogo de Roma sobre Nero,
o sacrifício do santo pelo pão,
o homem sofre, é Mito de Sísifo,
pelo caminho infindo da Razão…
Evan Do Carmo